No primeiro suspiro entediado
O primeiro pensamento suicida;
A primeira nota da existência vagabunda
Que corroi o homem fabricado,
Que vermifica este corpo maldito!
Que disseca esta alma – mesmo que criada – presa.
Ah – se as noites fossem assim,
Todas frias e amargas, talvez,
E não mais que talvez, o homem,
Estes, esses, aqueles, todos amariam
A terceira verdade alojada no olho,
A quinta estrela que nasce das guerras!
Ah – se as noites fossem sempre assim,
As angústias doentias formariam um pé de caju
Que apodreceria na primeira primavera;
Que alimentaria os soldados já putreficados
Nos canhões à beira-mar destas cabeças.
Mas meu corpo é maldito e corroído!
Mas meus pés não tocam mais o chão!
Mas as minhas asas já são dois cacos!
Mas minha queda é a separação deste corpo!
Mas minha alma, agora, é quem voa longe...
E tudo que eu quis foi deixar de suspirar entediado.
Ass.: Murilo Cabral de Melo
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