terça-feira, 26 de outubro de 2010

Foi sem querer

Por Fábio Silva de Oliveira


Morávamos de aluguel em uma casa com três cômodos e nesse local não havia um quintal muito grande, só um corredor que dava acesso tanto à sala quanto a cozinha. O varal onde minha mãe estendia as roupas lavadas era um fio de energia que ficava logo abaixo da sobressalência do telhado e ia do portão, onde começava o tal corredor, até o tanque, que ficava uns dois metros depois da porta da cozinha. Da parede da casa até o muro tinha no máximo um metro e oitenta centímetros.

 Minha mãe havia saído e eu estava em casa, naquela fadigosa tarde de sábado, com a indesejada companhia da minha irmã. Ficar com ela no mesmo espaço sem a presença da mãe era meio que difícil, para não chegar ao extremo do impossível. Naquele tempo eu tinha mais ou menos doze anos e minha irmã, um ano e sete meses mais velha, sempre abusava da minha pessoa. Mas eu tinha a certeza que um dia chegaria a minha hora.

Então, estava sentado no tanque, só a toa vendo o tempo passar, quando vi que ela saiu da porta da sala em direção ao portão, acredito que estava indo na casa de uma vizinha. Na sobressalência do telhado, próximo ao portão, havia uma caixa de abelhas. O pensamento em provocá-las naquele momento foi inevitável, pois minha irmã caminhava em direção ao portão e o varal que estava ao meu alcance passava logo abaixo da caixa das abelhas. Mas, me contive. Talvez se eu fizesse naquele momento ela poderia correr para fora e eu não conseguiria atingir minha satisfação plena. Pensei bem e cheguei a uma conclusão: ainda não é a hora. Sempre soube esperar a hora certa de agir, não seria dessa vez que deixaria uma idéia dessas ir por água a baixo.

Não demorou muito, no máximo cinco minutos, e lá estava ela voltando. Esperei que fechasse o portão pelo lado de dentro e foi ai que tive meu momento glorioso. Segurei o varal e o balançava de um modo que a outra ponta batesse, com força, na caixa das abelhas. Elas voaram para o ataque. Enquanto minha irmã, aos berros, era atacada pelas indefesas criaturas eu saboreava o sabor da doce vingança. Enquanto ela se debatia entre pulos e gritos eu rolava no chão de alegria. Em certo momento daquela cena até me compadeci dela e cheguei a chorar também, só que por outro motivo, de tanto rir.

Quase na mesma hora minha mãe chegou e eu já não estava tão eufórico como antes. Ela notou que minha irmã estava um pouco inchada e chorando, então a levou para um pronto socorro. Fiquei em casa só, aguardando o resultado. Algumas horas mais tarde elas chegaram. Minha irmã com a cara deformada de tanto que estava inchada. Os olhos dela me lembravam os samurais dos filmes japoneses, só o risco. Até aquele momento ninguém sabia, descobrimos que ela tinha alergia à picada de abelha. O medico falou para minha mãe que mais alguns instantes e ela teria morrido por asfixia.

Pensando pelo lado positivo da história até que fiz uma boa ação, pois se ela tivesse sofrido um ataque daqueles em outras circunstâncias talvez já nem tivesse mais entre nós. Minha mãe foi apurar os fatos. Contei a parte que me interessava e só tive um argumento: foi sem querer.

A influência da Internet no Jornalismo


Por Fábio Silva de Oliveira
       
         A internet, ferramenta que instituiu de vez a era da informação,  é cada vez mais presente em nossas vidas. Entre universitários e profissionais da área de comunicação, especificamente no jornalismo, ela tem um lugar de destaque, pois é alvo de críticas e elogios. Tem quem vê esse importante meio de comunicação como algo prejudicial aos jornalistas e estudantes comunicação, pois a facilidade de publicar textos noticiosos ou não, na internet é muito fácil e torna qualquer pessoa em um jornalista em potencial, e isso pode banalizar a profissão. Mas, também há os que vêm nela um refúgio para o jornalista. Onde se podem expressar opiniões com liberdade, sem influência nem interferência das empresas jornalísticas. Pretende-se, com esse texto, mostrar esses dois pontos de vistas em relação à internet como ferramenta de trabalho para o jornalista.

         Existem profissionais resistentes quanto ao uso do mais novo meio de comunicação. Estes acreditam que a internet pode interferir de modo negativo no campo de trabalho do profissional de comunicação, reduzindo o número de funcionários nas redações das empresas jornalísticas. Hoje, pode-se manter um portal de notícia, ou blog, na internet com uma quantidade pequena de funcionários. A confiabilidade da noticia, na web, também fica ameaçada, pois não há necessidade de ser jornalista para noticiar ou opinar sobre um determinado fato. Além disso, podem surgir muitas especulações falsas em torno da notícia, o que pode deixar o leitor confuso. Esses fatores podem contribuir para a banalização não só da notícia, divulgada pela internet, como também do profissional de jornalismo.

         Há também os que têm uma perspectiva mais otimista sobre esse veiculo de informação. Acreditam que a internet é o mais novo campo de serviço para o jornalista, espaço onde tem lugar para todos os profissionais, independente da mídia em que já atuam ou que se pretende atuar. Uma oportunidade a mais para o jornalista. Lugar onde ele está livre para manter seus pensamentos livres de influência da grande mídia ou de qualquer outro tipo de interferência,, seja lea financeira ou politica.fers de influe ele est tem lugar para todos os profissionais, independente da midia  seja ela financeira ou política. Para o estudante, ela é indispensável. A web torna-se um ambiente ideal para o aprendizado, onde se pode praticar jornalismo ainda nos primeiros anos de faculdade, pois a tendência das mídias tradicionais - TV, rádio, impresso - é migrar para ela.

         Entre todas as mídias a internet é, sem dúvida, o espaço mais democrático. As principais características dela são: a velocidade de divulgação e a possível interação entre o produtor da notícia e o receptor. Entretanto, se faz necessário que o profissional da comunicação, ao trabalhar nesse ambiente, seja ético e saiba fazer bom uso dessa ferramenta. Aos jornalistas de longa data, que ainda não se adaptaram e tem receio da internet, cabe aceitar, conhecer melhor essa nova ferramenta de trabalho e adaptar-se da melhor maneira possível. Aos acadêmicos da comunicação, esta é uma importante ferramenta que pode ser utilizada como laboratório para a prática no exercício da profissão e fica o desafio de criar uma linguagem própria para a tecnologia aqui apresentada.

Em quem votar? Serra ou Dilma eis a questão

Vivemos um período muito estranho em nosso país, estamos em um momento eleitoral, processo esse podemos dizer que é o mais importante de nosso país pois dependendo de quem for eleito o país vai tomar um determinado rumo.Mas enfim o brasileiro está vivendo uma incógnita, afinal quem é o melhor candidato, Dilma ou Serra?Em quem votar?

            O horário político e os debates realizados, são os momentos onde o eleitor deveria refletir, afinal de quem é a melhor proposta, quem realmente é preparado para exercer o maior cargo público do país, quem pode ser o presidente dessa nação.

Mas nessa política o que está acontecendo é inaceitável, vemos dois candidatos que até possuem lá as suas qualidades, talvez não para ser o presidente do país, mas tudo bem,  duas pessoas que se dizem ser os melhores para a função não sabem fazer outra coisa em seus horários políticos e debates, senão criticarem quem já não está mais no poder ou pelo menos não vai estar a partir do próximo ano.
            Enfim o que vemos não são debates propositivos, mas ringues, arenas montadas dentro da mídia, onde duas pessoas se atacam como se fossem dois gladiadores, dando um verdadeiro show de perca de tempo para os brasileiros que esperam alguém dizer, que a educação será melhor, os investimentos na saúde serão altos, filas nos leitos vai acabar e a falta de médicos especialistas será suprida, a corrupção será punida com cadeia para os vagabundos de colarinho branco, as leis serão reformuladas para que bandido seja de qual classe social for, ir para cadeia, isso era o que os brasileiros esperavam, e não esse showzinho que vem dando os dois candidatos.

            Enfim em quem votar, em quem confiar? Quando vejo esse tipo de briga pelo poder sem propostas verdadeiras fico pensando, por que duas pessoas brigariam tanto?Para ajudar o Brasil ir para frente ou para encherem os seus bolsos de grana? Sinceramente queria que a primeira opção fosse verdade, mas fico com a segunda, tudo isso nada mais é que uma briga para ver quem vai comer, beber, viajar e levar uma vidinha de luxo as nossas custas.E depois nós é que ficamos com cara de idiotas pois o discurso político é sempre o mesmo, ‘o Brasil vai mudar e vai ser um céu na terra.’

            Agora não podemos deixar de votar pois é única maneira que temos nas mãos para cobrarmos nossos direitos, vote no candidato que a sua consciência entender ser o melhor. Para Dilma e Serra só me resta dizer, O Lula não será presidente o ano que vem, o que ele fez está feito, o mesmo digo de Fernando Henrique,então que ambos os candidatos tomem vergonha na cara e parem com essa briguinha partidária que não vai levar o Brasil a lugar nenhum, O Brasil não tem culpa da banda podre que conduz tais partidos, e sinceramente para mim nenhum dos dois tem condições de conduzir o Brasil, pois não vemos propostas claras apenas rixinhas partidárias e muita manipulação.

Jornalista: Aparecido Silva

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Desejos: I

No primeiro suspiro entediado
O primeiro pensamento suicida;
A primeira nota da existência vagabunda
Que corroi o homem fabricado,
Que vermifica este corpo maldito!
Que disseca esta alma – mesmo que criada – presa.

Ah – se as noites fossem assim,
Todas frias e amargas, talvez,
E não mais que talvez, o homem,
Estes, esses, aqueles, todos amariam
A terceira verdade alojada no olho,
A quinta estrela que nasce das guerras!
Ah – se as noites fossem sempre assim,
As angústias doentias formariam um pé de caju
Que apodreceria na primeira primavera;
Que alimentaria os soldados já putreficados
Nos canhões à beira-mar destas cabeças.

Mas meu corpo é maldito e corroído!
Mas meus pés não tocam mais o chão!
Mas as minhas asas já são dois cacos!
Mas minha queda é a separação deste corpo!
Mas minha alma, agora, é quem voa longe...
E tudo que eu quis foi deixar de suspirar entediado.


Ass.: Murilo Cabral de Melo

Passarei.


Passo, passo por passo.
E a longo passo passarei.
Escreverei: Um mirante se vai,
O caminho que fique.
Largo, largo e profundo.
O tempo me engole lentamente...
Mesmo ignorando-o passarei
Passo por passo.
Ainda passo, antes que parto,
Mais um fio de vida.
Passo, passo por passo.
E no último passo, raso e lento,
Serei dois, dividido pelo tempo.
Calçarei conformadamente
A minha angústia, que:
Costuro com linhas de arrependimento.
Cavo, cavo e cubro a morte,
Num surto empalidecido
Que é a vida humana.

Passo, passo por passo.
Vai, em um vai e volta,
E a longo passo voltarei...

 Ass.: Carlos Drummond Lispector

Poema psicografado.


Sento-me!
A morte é o meu eu.
Não a nego nem a expulso.
Ela está sempre dentro de mim.
A vida que é um ovo
Superfície pálida; casca branca!
Apenas superfície.
A morte é o meu eu.
Pois sou um peregrino de seres,
Esquartejo-me todos os dias.

Ass.: Carlos Drummond Lispector